O Violino Profissional 4/4 eCorde Collection - H.K. 1882 - 1942 faz parte da coleção pessoal do fundador da eCorde, Willian Rocha.
Nesta coleção estão instrumentos antigos que foram adquiridos em leilões, afim de restaurá-los e posteriormente vendê-los.
A ORIGEM
Este é um violino de origem intrigante. Não apresenta no interior a etiqueta tradicional do autor, apresenta uma inscrição feita em caneta tinteiro com a seguinte frase na primeira linha: H. K. 1882 e na segunda linha 1942. 4/4. Mas infelizmente em alguma restauração houve um retoque de caneta esferográfica na cor azul. Talvez o restaurador estava com medo de perder a escrita original do instrumento. Como este retoque tem uma caligrafia muito confortável há de se crer que foi feita com o instrumento aberto durante uma restauração no passado. Acreditamos que apesar da marcação ser esferográfica esse tipo de caneta já existia no ano de 1942.
A única referência que encontramos da possibilidade de sua origem foi no livro VIOLIN MAKING - A Historical and Practical Guide de Edward Heron-Allen, página 333, tópico 38 que diz: [Nicholson, J.] Designs and Plans for the Construction and Arrangement of the New Model Violin. London, 1880: H. K. Lewis, imp. Large Folio. Este livro cita uma planta de uma novo modelo de violino feita por este autor em 1880, 1 ano antes da data marcada em seu interior, o que intriga ainda mais para sabermos qual foi a real intenção deste ato, haja visto que luthiers italianos muito anteriores a esta data já se utilizavam de etiquetas para assinar seus instrumentos.
Em pesquisas pela internet não encontramos também nenhum outro instrumento com a mesma inscrição ou cópia, nem mesmo mais informações sobre o H. K. ou o suposto projetista H. K. Lewis.
Buscamos também outras plantas de outros autores citados no livro do Edward, o que leva a crer que naquele período existiram muitos autores de plantas de construção de instrumentos que simplesmente não deixaram mais rastro algum no mundo sobre seus trabalhos. Foi uma época muito frutífera de autores de um único projeto ou instrumento.
Em última análise acreditamos que um luthier em 1881 tenha se inspirado na planta de construção de H. K. Lewis publicada em 1880 para construir este instrumento. Em 1942, 60 anos depois tenha passado por restauração severa que falaremos em seguida.
COMPOSIÇÃO
O violino apresenta diversas intervenções em sua estrutura o que leva a crer que tenha passado por 3 a 4 restaurações e reparos.
Seu tampo superior feito em 2 folhas sofreu restauração na folha direita, do lado de fora do “F”. Uma rachadura foi restaurada de cima a baixo, possivelmente provocada por uma queda próxima da data de 1881 pois parece ser a restauração mais antiga do instrumento, juntamente com o retoque do verniz.
Seu tampo inferior passou por colagem em duas etapas. Em uma delas foi utilizado pequenas peças de madeira para juntar a união das duas folhas que formam o tampo. Essas peças são conhecidas como diamante. Devem ter em torno de 1 a 1,5mm. Posteriormente em uma segunda ou terceira restauração foi adicionado peças maiores entre as menores, com medidas entre 2 a 2,5mm de altura.
Seu verniz passou por diversos retoques. Originalmente é levemente escuro mas com o tempo foi recoberto por um mais escuro. Esse processo era comum em luthiers do leste europeu. Na parte superior a cobertura fina preenche em torno de 99%.
Na lateral a cobertura é de 100% e mais espesso que do tampo superior. No tampo inferior a cobertura é em torno de 60%, presente na área superior e mais desgastados na parte inferior chegando a não existir na área de contato com o ombro.
As marcas na parte traseira mostram que por muito tempo o instrumento foi utilizado sem a espaleira. Prática comum em instrumentos anteriores a invenção deste acessório. O interessante que o sinal mais acentuado do ombro está exatamente na posição contrária, indicando que o instrumento era utilizado em posição inversa, ou seja, onde o queixo ficava posicionado do lado direito do instrumento ao invés da posição esquerda praticada nos dias de hoje. O instrumento não é tão velho para ser anterior a data de 1881 mas tem idade suficiente para ter sido utilizado por ciganos que viajavam em caravanas neste período pela Europa, Ásia e oriente médio. Deviam ser ciganos artistas e não apenas imigrantes pois a integridade do instrumento revela que foi bem cuidado dentro deste período, contrário de outros instrumentos de mesma época que apresentam maus tratos e que também compõem a nossa coleção.
CONDIÇÕES DO INSTRUMENTO
O violino está em condições perfeitas de uso, tanto para estudo quanto para atividade profissional. Fizemos a troca de todas as peças de desgaste como cravelhas, queixeira, espelho, cavalete e cordas. A alma ainda é a mesma que veio com o instrumento.
SONORIDADE
Tem sonoridade madura e equilibrada. Não tem brilho excessivo e os médios são bem homogêneos. Por conta de estar parado pode estar vibrando menos do que o instrumento pode entregar. Os graves não falham e por conta da altura das cordas não trastejam.
Acreditamos que sua equalização pode ser melhorada com ajustes nos diamantes de reforço em seu interior. Em comparação com outros violinos estas peças estão um pouco fora de medida, então deve-se ajustar para permitir mais vibração entre os tampos e a alma.
CONCLUSÃO
É um instrumento antigo sem uma procedência certa. Com indicativos de ser cópia de algum modelo Italiano. Apto a ser usado por estudantes avançados e profissionais.
Tem boa estrutura que suportar reparos no futuro. Seu braço não tem cunhas ou enxertos. Seu espelho está inteiro e com baixa massa. Cravelhas macias e muito bem instaladas pelo luthier Rafael Sando.